Tupinambá declaram guerra à Band e entram com novo processo na justiça

Briga agora recai sobre um concurso de beleza
Arquivo/Google

Não é só contra a emissora de televisão Bandeirantes que os índios Tupinambá decretaram guerra. É contra os produtos da emissora também. Além de estarem revoltados com o teor de matérias publicadas pela rede de televisão nos dias 25 e 26 de fevereiro, agora a comunidade de Serra do Padeiro, em Olivença (BA), decidiu ingressar com uma ação contra a Band/Enter, relativa a suspeita de propinas do Instituto Innovare (ligado à Globo) para jurados do concurso Miss Brasil 2013. Alegam que a Band “endossou propinas para jurados de um concurso que denigre a imagem da mulher brasileira, ao mesmo tempo que valoriza os malfeitos de um Estado ligado notoriamente ao agronegócio” – no caso, o Mato Grosso, terra natal de Jakelyne Oliveira, quinta colocada no Miss Universo 2013.

A briga entre Tupinambá e Band tende a render. Na última quarta-feira (9), os Tupinambá ingressaram com um pedido de direito de resposta e entraram com uma ação judicial contra o Grupo Bandeirantes de Comunicação (que tem entre suas controladas, a Enter, detentora da concessão do concurso de Miss Universo para o Brasil). Segundo o Conselho Inidigenista Missionário, as matérias apresentaram “conteúdo discriminatório e informações distorcidas sobre os conflitos fundiários no sul da Bahia, responsabilizando caciques do povo Tupinambá de Olivença por toda a sorte de crimes, inclusive a morte de um agricultor, e acusando os indígenas de invadir fazendas, ameaçar e expulsar moradores”.

Ainda de acordo com o CIMI, a Funai (Fundação Nacional do Índio) “publicou em 2009 o relatório circunstanciado, que delimitou a Terra Indígena (TI) Tupinambá de Olivença em cerca de 47 mil hectares, abrangendo partes dos municípios de Buerarema, Una e Ilhéus, sul da Bahia. Porém, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, desobedecendo aos prazos estabelecidos na legislação, ainda não assinou a portaria declaratória, que encaminha o processo demarcatório da TI para as etapas finais”.

Os índios acham "estraho" que as matérias do consórcio que administra o Miss Brasil e o Miss Universo tenham ido ao ar após decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, de suspender as reintegrações na área citada. “Desde que a Funai resolveu criar a área para os índios a violência impera aqui na região. Um bando de caciques armados, liderados por Babau, o mais temido deles, faz o diabo”, sentencia o repórter Valteno de Oliveira, segundo os índios, "como se estivesse ora a serviço dos detetives de Law & Order: SVU, da rede americana NBC (co-proprietária do Miss Universo ao lado da Trump Organization), ora a serviço da psicopata da CIA Carrie Mathison (Claire Danes), deHomeland: (In)Segurança Nacional: Maranhão em Chamas – Vai um Guaraná Jesus Aí, Governadora Roseana Sarney????, da Showtime/Rêde Globo de Televisão".

De acordo com o processo, “o Grupo Bandeirantes parece desconhecer ou evitar conhecer o massacre dos Tupinambá ao longo da história, para difundir histórias inventadas: escondendo o verdadeiro conflito e massacre na região, inclusive os mais recentes. Ademais, sem nenhuma prova associa indígenas e, em especial, os caciques, aos crimes mais esdrúxulos, e até mesmo ao crime de estupro, com vistas a incentivar o ódio social por este povo”. Ódio esse, segundo o processo, cristalizado nos concursos regionais que levam ao Miss Brasil, sobretudo em Estados como Minas Gerais, onde há demonstrações claras e notórias de racismo desde 2010, quando o concurso local foi exibido nacionalmente. (Matéria produzida a partir de informações do site TV em Análises Críticas)